terça-feira, 7 de junho de 2011

Deus dá defesas biológicas contra armas biológicas (não criou as duas?); variabilidade e selecção natural


O grilo e o seu alarme ultra-sónico (Mats): «Se estivéssemos no Lugar do Criador, o que é que faríamos para tentar equilibrar a balança e dar algumas hipóteses de sobrevivência ao pobre grilo?» ...
«Ele construiu o grilo com um detector de morcegos mono-celular conectado ao seu sistema nervoso. O detector é activado pela mesma frequência que o morcego usa para a sua detecção de insectos
Quando o sistema soa o alarme (e é activado), a célula dispara 500 impulsos por segundo (!) o que causa a que o grilo voe em direcção contrária à fonte da frequência ultra-sónica.»...
«O mais impressionante facto de engenharia biológica àcerca deste detector de morcegos é que ele só funciona se o grilo estiver em pleno vôo – e desde logo, mais vulnerável aos ataques dos morcegos. Quando o insecto está a salvo dos morcegos – a descansar, escondido, a comer ou em higiene pessoal – o sistema de detecção de morcego não dispara nenhum sinal de alarme.»

Abençoado gavetismo (Ludwig): «Quer apenas disfarçar o disparate das premissas isolando-as, para não se notar a inconsistência. Deus teve pena do grilo e deu-lhe um detector de morcegos para o salvar. Que querido. E ao morcego deu o sonar com que caça grilos para comer. Que bonzinho.» ... «O Mats é capaz de dizer que os morcegos só comem grilos por causa do pecado original, que dantes usavam o sonar para apanhar uvas em pleno voo e que Deus só deu o detector ao grilo à cautela, porque já sabia como era a Eva. Mas isso será apenas mais um exemplo daquilo que quero ilustrar aqui.» 
Ludwig: «E um morcego a comer grilos dotado de um radar para os detectar ao mesmo tempo que os grilos têm um sensor para fugir ao radar não tem nada de inteligente.» 

Mats nunca respondeu.
Sondando o darwinismo (a "ciência" alternativa) (Mats): «Incapaz de explicar de forma científica a origem do sistema sonar dos morcegos (e o detector dos grilos), o Ludwig recorre a caricaturas do Cristianismo (como é normal nos blogs evolucionistas)
O grilo e o seu alarme (Mats): «“Mas“, alega o evolucionista “se o grilo estiver pousado no chão e detectar o ultra-som, isso vai causar a que ele corra de forma desenfreada ou que levante vôo e coloque-se mais vulnerável ao ataque no morcego. Isto é péssimo design!!“ 
Calma, amigo evolucionista; afinal de contas, “Haveria coisa alguma difícil ao SENHOR?” (Génesis 18:14)»

Mats: «Esse é que é o problema, Ludwig; tu apontas "problemas" mas não ofereces algum tipo de explicação científica para a origem de tais sistemas.» ... «Uma vez que é um sistema "all or nothing", qual foi o sub-sistema interno do morcego que surgiu primeiro?» ... «O que tu dizes é exactamente o que eu disse no post com a frase “se existe, é porque era bom“. Essencialmente o que dizes é "se o grilo tem essa capacidade, é porque isso lhe conferiu alguma vantagem." Claro. E se a minha avó não tivesse morrido, ela ainda estaria viva.»
Observações
  1. Ninguém que aponta problemas sobre uma hipótese tem de oferecer explicações alternativas: a falta de explicações alternativas não anula os problemas apontados.
  2. Mats fez uma insinuação em forma de pergunta (falácia de pergunta complexa). O detector de ecolocalização não é um sistema "all or nothing".
  3. As frequências dos sons para ecolocalização emitidos pelos morcegos são muito variáveis (entre 10 e 150 kHz). Os limites das frequências sensíveis nos aparelhos e nervos auditivos dos grilos também são muito variáveis (entre 5kHz e 100kHz). A distância a que respondem também são muito variáveis (6.5-37 m). Até alguns seres humanos têm a capacidade de distinguir sons com frequências ultrasónicas, tendo até sido relatados casos em que são capazes de distinguir sons de 100 kHz.  Noto que os morcegos da fruta não recorrem à ecolocalização, excepto o Rousettus aegyptiacus para se orientar nas grutas.
    1. The Physics Facts Book : Frequency of bats sonar
    2. Bat conservation and managemente : What is a bat detector?
    3. Wikipedia : Microbat
    4. How Some Insects Detect and Avoid Being Eaten by Bats: Tactics and Countertactics of Prey and Predator
    5. Structure, development, and evolution of insect auditory systems
    6. Wikipedia : Ultrasound avoidance
    7. Journal of Neurophysiology : Ultrasonic Hearing in Humans: Applications for Tinnitus Treatment

Variabilidade e selecção natural
Ludwig: «Ludwig: «Quem quiser perceber o que originou esta situação quererá considerar todos os dados de que dispõe. Há grilos que se escapam e morcegos que comem grilos. Os grilos que são comidos e os morcegos que morrem à fome deixam de se poder reproduzir. Cada grilo e morcego descende de antepassados parecidos consigo que, obviamente, se conseguiram reproduzir. E assim por diante. Tentar encaixar estes dados leva-nos a hipóteses testáveis, o teste dessas hipóteses revela mais dados e a restrição de manter tudo consistente guia-nos ao conhecimento.»
Mats: «Como é que surgiu o sistema sonar dos morcegos? Tentativa e erro? As mutações foram-se auto-calibrando até a bioquímica interna do morcego estar "no ponto"? 
Como é que o grilo evoluiu nele mesmo uma forma de anular o sensor do morcego? Como é que ele descobriu a frequência EXACTA usada pelo morcego?» 
  1. Os insectos já existiam há cerca de 250 milhões de anos. (Carpenter, 1992; Gwynne, 1995) Os morcegos ecolocalizadores parecem ter surgido há cerca de 50 milhões de anos (Novacek, 1985).
  2. Os tímpanos dos insectos têm origem no orgão cordotonal, que foi modificado de modo a que o escalopídia mecano-sensível ficassem ligadas às membranas cuticulares apoiadas pelas cavidades traquiais com ar. Insectos, como os grilos, já usavam sons para comunicarem entre si para se reproduzirem. A capacidade de audição é uma pré-adaptação sensível à ecolocalização.
  3. Os insectos que não voam não sofrem da pressão selectiva dos morcegos, por isso, a sua sensibilidade às frequências elevadas são mais reduzidas (podem até nem sequer ter aparelho auditivo), como alguns grilos não-voadores (Gryllus campestris, Hapithus, Triamescaptor aotea). O Mats não indicou as fontes das quais se baseia para dizer que o detector nos grilos só funciona durante o vôo, por isso assumo que interpretou mal algum texto. 
  4. Geralmente os fósseis de morcegos são poucos e não estão bem preservados. Até agora, o melhor fóssil é de uma espécie chamada Onychonycteris, que parece não ter orgãos auditivos com funções de ecolocalização como nos morcegos modernos: por exemplo, a sua cóclea é demasiado pequena. A cóclea é um orgão que existe nos ouvidos dos mamíferos, mas nos morcegos ecolocalizadores são mais desenvolvidos.
  5. No dia 14 de Maio, no Royal Tyrrell Museum, Kevin Seymour fez uma apresentação dos dados conhecidos sobre a evolução do vôo e ecolocalização dos morcegos (45 min.).
  6. Variabilidade e selecção natural.
    1. Se todos os grilos numa população fossem iguais (não existia variabilidade), então não haveria qualquer característica vantajosa que os distinguisse (não existiria selecção). Os mais prováveis de serem caçados seriam os que tivessem mais próximos dos morcegos.
    2. Se os vários grilos  tiverem pequenas diferenças entre si, talvez essas diferenças sejam factores que tornam alguns grilos mais fáceis de serem caçados do que outros (apesar da diferença ser pequena). Se dois grilos tiverem próximos entre si e um deles prevê com mais antecedência a proximidade de um morcego, o morcego apanha o outro grilo, que está mais ao alcance. Quanto mais diferenças existirem entre os grilos, maior é a força da selecção natural. [Teorema fundamental da selecção natural / de Fisher
    3. Os grilos que são mais difíceis de serem caçados reproduzem-se mais. Nas gerações seguintes, existem mais grilos mais parecidos com aqueles que sobreviveram, mas podem ser ligeiramente diferentes. As diferenças podem ser mais vantajosas para a sobrevivência, tornando os grilos com essas diferenças mais difíceis de serem caçados do que aqueles que antes eram antes os mais difíceis de serem caçados.

Mats: «a questão não é uma de inteligência inata mas sim de ignorância voluntária»


Notas

  1. O Mats remove e não aprova os meus comentários nos seus blogs.
  2. Este blog é  um espaço temporário com várias anotações para um futuro site criado de raiz.
  3. Indiquem mais dados relevantes nos comentários.
  4. Apresentem sugestões para o futuro site.
  5. Criacionistas: dêem a vossa opinião.

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